segunda-feira, 28 de junho de 2010
Eu vou
Era mais fácil quando podíamos rir falsamente de nós mesmos,
Quando nos enganávamos que éramos felizes.
E de repente vejo que a música do meu sonho ficou melancólica.
Mas eu queria poder arrancar todas estas novas raízes,
Que me seguram no chão e empedem que eu perca toda triste memória.
E de alguma forma eu não posso deixar que isso aconteça,
Além disso, não consigo ver além dos meus olhos, o brilho forte me cega.
Pode até não ser uma batalha ganha, em meio a tamanha ignorância.
Mas há alguma causa, em algum lugar dessa mente, pela qual eu deva lutar.
Porque a felicidade às vezes me ama e às vezes me detesta.
E ao mesmo tempo que tenho toda essa luz, me falta abrir os olhos e enxergar.
Sou vítima fácil,
Admito, afundo atoa.
Mas eu vou,
Eu vou vir à tona.
segunda-feira, 21 de junho de 2010
Filme de Terror
É, a vida de repente me assusta, e ela acha até graça.
Vivo dias em que meus dias viram shows de horror.
Aí me escondo debaixo do meu cobertor,
Fecho os olhos com força e desejo, vá embora! por favor!
Ouço a vida me chamar de palhaça, rír num tom de ameaça.
E pensar que antigamente o esquema do cobertor me bastava.
E... Bu!, ela com um grito me acorda. Me intimida, me apavora.
Me sacode e gargalha ao ver meu desespero.
Continuo então nessa mesma mesmisse.
Na babaquice da minha vidinha medíocre...
A um tempo atrás o cobertor funcionava,
Quando os meus maiores e piores problemas,
eram os filmes de terror da madrugada.
Ah! Bons tempos de ingênua infância desperdiçada!
Hoje até o Mãos de Tesoura perdeu a graça.
Quem me dera ainda ter esse medo,
Poder correr, pedir colo e ganhar um beijo.
Os pensamentos de hoje são quase que pitorescos,
Pensar no meu passado infantil de filmes grotescos.
O Chuck com uma faca na mão, hoje me parece adorável.
Penso que passar o dia em sua fábrica amarela me seria super agradável.
Convidaria também o Fred, sempre vestido de listrado,
Porque agora até sangue me parece combinar,
Com aquele contagiante sorriso macabro.
Mas acordo hoje com medo dos meus próprios pensamentos,
Me tornei assassina de mim mesma.
Admito, eu mesma me condeno.
Na certeza de um dia de tormentos
Me perco confusa na minha confusa mente,
E vejo-me sem rumo em meus próprios aposentos.
Hoje assumo ser a culpada, e não mais a inocente.
Mas quanto tempo ainda aguento essa cena tão frequente?
Resolvo assistir, mas essa porcaria de filme parece nunca acabar.
Então, faço até uma pipoca e me sento confortavelmente no sofá,
Bom, Já é hora de acordar, me torturar, colocar a câmera para filmar.
Começar minha mesma mesmisse,
Na babaquice dessa vidinha medíocre.
Mas...Hei! silêncio! Já vai começar o filme...
sábado, 19 de junho de 2010
A Menina e o Mágico
_Olá! Boa tarde, minha senhora.
_Nossa! Podes tirar coelhos de cartolas! poderia também tirar algumas respostas?
_Tudo posso, na verdade, minha cara. Mas conte-me, para onde tu segues tão indeterminada?
_Olá, muito prazer.
Me chamam de chapeuzinho.
Tenho nas costas uma mochila com sonhos doces
Estou procurando alguém para me apontar o caminho.
Levo também algumas lembranças amargas,
Das quais ainda não consegui me livrar.
Espinhos cortaram meus pés pelo caminho
mas alguma coisa me diz que um dia eu chego lá!
_Muito prazer, sou um mero poeta,
Daqueles que lhe dirão tudo e que não lhe dirão nada.
Acredite no que quiser e leve pra si algumas das minhas palavras
As quais podem ser descartadas, como num baralho de cartas.
Podes sim, carregar teus muitos sonhos doces na mochila pesada.
E vejo que lhe pesarão ainda mais com meus confusos e densos conselhos
Mas digo que me encontrei com Alice agora a pouco,
E ela me disse que a resposta estava com um certo coelho.
_Minha nossa! Teria então o coelho alguma resposta?
_Não, minha cara, se engana quem acha o país das maravilhas uma boa aposta.
_Mas você não disse que o coelho saberia? ele deve ser sábio e conhecer o caminho certo.
_Sábio é quem cria seus próprios rastros e faz o inconstante se tornar concreto.
_Mas isso você pode fazer, você pode fazer tudo, você é mágico!
_Mesmo que mágico fosse, não poderia fazer respostas aparecerem de repente.
_Pois acho que você mente!
_Sim, posso não lhe contar a verdade ou simplesmente te iludir com falsos truques facilmente. Vê a moeda?
_Que moeda?
_Pronto, não vê mais.
_Mas eu não a ví!
_Bom minha cara, tarde demais.
_Você não é um bom mágico, sabia?
_Mas eu lhe disse que sou um poeta.
_E poetas podem tirar respostas de cartolas?
_Posso tentar. Se isto a conforta...
_Pois por favor, tente.
_1,2,3 e... tens em suas mãos todas as respostas, aproveite.
_Um papel simplesmente?
_Ouse ler o que ele lhe ofereces, por favor.
_Está escrito... Amor.... Mas, amor?
_Sim, o amor é a resposta pra todas as perguntas que trazes.
_Posso levá-lo?
_Pois já o tens.
_Então, o que eu faço?
_Espalhe-o pelo caminho.
(Sorriu)
_Muito obrigada senhor poeta!
_Disponha chapeuzinho.
sábado, 12 de junho de 2010
Hoje pela manhã
Vamos, venha logo! ela disse.
Abraçou-me firme e levou.
Mudou a expressão que ficara naquele rosto.
E o semblante triste que estava por ali, escapou.
Senti o que há por vir? Olhe adiante.
A brisa fresca me trouxe então algumas boas energias,
Respostas talvez para todas aquelas perguntas vazias.
A pureza de uma manhã com orvalho nas folhas
não me deixou deixar de sorrir
Os feixes de luz do sol me envolviam e diziam:
Ei, sorria, não sente o que há por vir?
Mas eu não entendo,
por que raios me levou dalí.
Talvez por eu não estar fazendo nada.
Ou porque gostou de mim.
Ela não respondeu, e só sorriu docemente,
Me contaminou de repente, e eu me senti bem
Disse não ter nome,
disse não ter nada
Mas que por ser tão simples,
era completa felizarda.
Mas porque então estou indo contigo?
Se nem nome você tem?
Sou a vida, ela disse,
E a muito tempo te quero bem.
Vim lembrar-te de que existo e com bençãos e amor, lhe abraçar.
Pegue um pouco de mim pra si própria
E veja no que dá!
Vamos, vá logo! ela disse.
Abraçou-me firme e evaporou.
Mudou a expressão que ficara naquele rosto.
E o semblante triste que estava por ali, escapou.
quarta-feira, 9 de junho de 2010
Crucifixo
Veja-nos!
Ah! a que ponto chegamos!
Na guerra sangrenta entre martelo e pregos,
Há eu! Há nós!
Perdemos! Perdemo-nos!
Nos mesmos nos crucificamos,
Nos marcamos com armas que inocentemente fizemos.
É fim, não há milagre.
Não há mágica! Merda. Nem pomba branca temos!
De onde viemos, pra onde voltaremos.
E só. Do pó ao pó.
Mas venha logo maldita dúvida!
Martele de uma vez teus pregos em meu corpo.
Sem misericórdia, sem dó!
Você gosta de me ver sangrar não é mesmo, consciência?
Agride-me todos os dias e quer que eu me convença
De que existe algo lindo em ti em que eu deva acreditar.
Se és tão certa de si, venha me mostrar
Que também sabe sangrar.
Enquanto isso a minha culpa rí.
Rí com gosto a desgraçada!
E eu aqui assim,
Permaneço imóvel assistindo e aplaudindo,
O final trágico do meu próprio fim.
Assassinem-se logo com suas facas, sentimentos!
Esfaqueem-me logo de uma vez!
Já estou farta de suas torturas frequentes,
Falsas verdades entorpecentes.
São só torturas diárias,
São meras feridas recentes.
Crucifiquem-se! Crucifiquem-me!
Somos inocentes.
Ps: Muito obrigada a minha querida amiga Carol pela imagem. =)
quinta-feira, 3 de junho de 2010
Amantes do Silêncio
Amo-te em silêncio
Porque qualquer sussurro seria grito
Tendo então que tomar minhas palavras como meros comprimidos.
Na tentativa falha de me livrar do vasto vazio que em mim tem abrigo
Sedada pela sede insaciável de gritar para o mundo todo
E um desejo insuportável de tocar-lhe o corpo
De querer como nunca quis antes de alguém, sentir o gosto.
Amo-te em silêncio
Querendo ao menos te ter por perto
Quando gostaria de te ter ainda mais perto
Como quando posso lhe observar docemente enquanto dorme
Contentando-me em te ver e não te tocar
Pensando nesse momento em que deixamos de ser culpados por nossos atos
E dando cobertura às suas vítimas, o amor nos dá amparo.
Amo-te em silêncio
Porque nos perseguiriam se contássemos
Causas insolúveis, que colocam nossas cabeças em colapso.
E no desespero de amantes nos vemos sedentos em um abraço
A salvo do perigo, envolvidos um pelo outro em um só laço,
Podendo então ter um do outro, sorrisos, corpos e olhos que nos cegam.
Esquecem-se os erros, o passado, a culpa e ambos como amantes, se entregam.
quarta-feira, 2 de junho de 2010
Mente Vazia
É, eu queria poder dizer algo hoje, e como queria,
mas me desculpe,
pois trago a mente vazia.
É, há dias em que essa situação se cria,
Toma corpo, cria vida, cai na rotina.
Efeitos dessa profunda melancolia.
Sem fundamento e sem valia.
Apenas fundamentada em efeitos colaterais do meu próprio dia-a-dia.
Irreversível nostalgia.
Às vezes dá vontade de dar uma sumida, acabar com essa monotonia,
E acreditar momentaneamente em alguma mentira vazia,
Como a que a vida muda e quebra minha rotina algum dia.
Maldita rotina vazia do meu dia-a-dia!
É, eu queria poder dizer algo hoje, e como queria,
mas não me culpe,
pois levo a mente vazia.