domingo, 24 de junho de 2012


Espaço

Na incerteza do sim, decidi esperar.
Me sentei, aceitei o café,
Uma ou outra revista velha pra folear.

Esperei pelo espaço pacientemente.
Desenhei em mim um sorriso, amável, infantil.
Achando que fosse suficiente.

Levava uma bagagem, coisa pouca, boba, eu.

Nos bolsos, 
trapos de sonhos e migalhas de amor.
Foi só isso que sobrou?

Pensei. Mudei. Mudei o sorriso também.

Espaço? Talvez. Perdido em seu vazio.
Mas não fez diferença.
Porque não é de espaço que preciso.

Na certeza do não, fui embora.
Numa mão o sorriso, na outra, a bagagem.
Pelo que esperei? Coisa pouca, boba, amor.


sábado, 9 de julho de 2011

Ainda há tempo


Alguém me abraçe e me traga de volta,
porque de repente me perdi tão fundo em mim mesma...

E no fundo, a cada dia eu me encontro mais sozinha.

A cada volta a vida vem e me leva com ela,
dilacerando o pouco de consciência que ainda me resta.

Troquei todos os meus dias por um punhado de mentiras inocentes.

E, agora, olhando pra mim mesma, quase não posso me reconhecer,

Talvez eu esteja enlouquecendo, e talvez, eu não queira pagar pra ver.

Pode ser que alguém tão perdido quanto eu, me dê alguma razão,

alguém que também não saiba a que lugar pertença, e procure uma explicação.

Mas ainda agarro as oportunidades quando eu as posso ver,

e sinto o vento rasgando as lágrimas quando consigo correr.

Vamos, respire! ainda há tempo, não há tempo a perder.

domingo, 17 de abril de 2011

Querida solidão



Foi só mais um sábado de sorrisos vazios,

Eu nem devia me preocupar com os efeitos colaterais.

Mas a melancolia vem sempre a tona,
Pra me lembrar que a consciência sempre pesa mais.


Eu queria não pensar, queria me livrar de pensar tanto.

Mas esse tanto é um pouco necessário à minha alma,
Porque ao mesmo tempo que me desespera até os poros,

A solidão da reflexão me convence e me acalma.


Eu pensei que eu era forte, até você chegar e me mostrar que não.

Agora só me resta a tarde nublada e do cigarro, a última tragada.

Eu deveria saber, querida solidão,
Eu deveria saber que eu não consigo manter sua página virada.


Queria não me render a ter você,
T
alvez por isso eu ainda não possa te perdoar,
Talvez por isso eu ainda carregue sorrisos vazios nos bolsos.

Mas eu já estive aqui antes e sei que o amanhã há de me confortar.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Mesa de bar


Aqui estou mais uma vez
.
Aqui estou mais uma vez bêbado de lágrimas
.
Aqui vamos nós, alguém me disse
,
Vamos cair de cabeça em um copo cheio de mágoas.

Vê como a melancolia em seus olhos a deixou mais doce?

Até um sorriso eu estaria disposto a lhe ceder
.
Você não? Vendo a rosa despedaçar-se com o vento

Desmanchar-se ao mais leve toque, ao mais leve bater
.

Até o tradicional sorriso tornou-se árdua tarefa
.
Eu me interessaria em saber o que a desespera e imobiliza
.
E vejo-a intocável olhando para aquela garrafa vazia

E os longos cabelos balançando no ritmo da suave brisa.

Se ela fosse música, com certeza seria Café 1930.

Acho que ninguém mais notou a triste moça além de mim.
Vejo-a sair e deixar o lugar em branco, vazio
.
Levando seus adoráveis olhos negros e pele marfim.


A observo secar as lágrimas e encarar-se no espelho.
Corajosa, força um sorriso e ergue a cabeça.
Dá um último gole melancólico e deixa seus pecados pra trás.
Esvai-se como areia.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Foto vaga



Tenho uma nova foto vaga no lugar de velhas boas lembranças,

e vinho tinho barato no lugar de novos sabores.

Escuto uma harpa me chamando para ir para bem longe,

Pra perto daquelas nuvens leves de novos amores.


Agora vivo me iludindo com filmes tristes
.
Agora morro me perdendo em finais felizes.


Não há nada além de poeira nesta nova foto,
Vejo tão pouco que mal posso definir a triste imagem definida.

Posso tocá-la mas não posso sentí-la.

Posso ouví-la mas não posso salvá-la.


Alguém também consegue ouvir a bela harpa?

Alguém também segura uma nova foto vaga?

Há algo que talvez possa a trazer de volta.

De volta para algum lugar a qual seu auto-retrato pertença.

Mas ela tem que pagar por suas escolhas mal feitas,

Porque a foto agora a culpa e quer que ela cumpra sua vaga sentença.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Há algo de muito triste em folhas secas


Pergunto o porque do azul triste do céu,

E a brisa me responde melancólica que é solidão.
Há algo muito triste no balançar das folhas.
Há algo muito incrível quando folhas secas caem.

Agora sinto que me falta muito fôlego e o cansaço me vence.

Percebo minha vida com galhos secos e sem cor.
Às vezes eu me sinto como se ninguem pudesse ouvir meus gritos
,
Como se ninguem soubesse a resposta pra perguntas tão íntimas
.
Eu quero saber o que o amanhã tem para me oferecer.

E quero saber se ainda posso confiar em frágeis recomeços.

Agora realmente sinto vontade de renovar estes velhos ramos secos

Agora realmente sinto que preciso criar alguma vida em mim mesma.
Para enfim, ver o mundo visto das estrelas.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

A observo me observar


Agora deparo-me com uma palavra nas mãos.
E mal sei o que fazer com ela.
Então apenas a observo me observar.
Vontade...
De repente, tal palavra me pesa nas mãos e na mente.
Vontade de passear com o cachorro, de abraçar meu pai e de bagunçar o cabelo do meu irmão.
Vontade do colo de mãe, de gargalhadas de velhos amigos e de sentir cheiro de chuva.
Vontade de tomar todinho, deitar e rolar na areia fofa e ser criança de novo por um breve momento.
Vontade de sumir com o medo, com a dúvida e a insegurança que os dias me trazem.
Vontade de acordar cedinho, dizer bom dia e corresponder o sorriso de quem sorri pra mim.
Vontade de friozinho, de abraço com blusa de moleton, de filme, pipoca e amassos.
Vontade de gritar, gritar alto e de correr até o fôlego dizer que não dá mais.
Vontade de sombra, de natureza e de brisa mansa.
Vontade de rir até a barriga doer, de rever aquele melhor amigo, e de encher a cara com os meus alcóolatras preferidos.
Vontade de fechar os olhos, vontade de praia tranquila e água de coco geladinha na mão.
Vontade de olhar pro horizonte, sem idéias, sem preocupações, e apenas assistir o espetáculo do pôr do sol.
Vontade sim, um monte...
Mas ainda não sei o que fazer com ela.
Então apenas a observo me observar.